Nem todo mundo é um líder nato e, certamente, ninguém nasce com as habilidades de um gerente. Habilidades gerenciais são adquiridas e desenvolvidas a partir da experiência. Mas a verdade simples é que toda empresa precisa de bons gerentes em sua equipe. No entanto, a falta de material gerencial está dificultando a busca de pessoal qualificado para preencher o papel.
Para resolver isso, muitas empresas têm programas de “trainee” para a gestão, que nesse caso é um indivíduo que passa por treinamento para cargos gerenciais ou de supervisão. Um programa de trainee de gestão é a melhor maneira de preparar os funcionários para se tornarem gerentes no futuro. Equipa-los com as habilidades necessárias, julgamento e know-how de ser um gerente eficaz e responsável.
Mas alguns estudos apontam que a grande maioria dos programas implementados fracassam, decepcionando a Direção das empresas que alocam expectativas e recursos valiosos. Existem vários fatores que contribuem para isso, mas vamos falar sobre os três principais motivos.
Em primeiro lugar, empresas falham logo na etapa inicial, o recrutamento dos candidatos. Não basta selecionar pelo currículo, ou mesmo através de entrevistas e dinâmicas padronizadas de seleção. É fundamental avaliar os valores dos candidatos, no que eles acreditam, e comparar com os valores da empresa. “Culture Fit” é o termo usado para isso. Para que ambos, empresa e colaborador, possam atingir seus objetivos e florescer, tem que haver alinhamento de valores e cultura, ou nunca haverá engajamento real.
Em segundo lugar, muitas vezes as empresas falham pelo simples fato de recrutarem jovens extremamente talentosos e diferenciados, e os trata como profissionais comuns, gerenciando-os através de estruturas desatualizadas, hierarquizadas, burocráticas, sem espaço para inovações. Ora, é evidente que o trainee chegará com expectativas de reconhecimento rápido e de aplicação mais ou menos imediata de suas ideias. Se a empresa demora em abrir espaços, se é lenta e tradicionalista em suas práticas, se não prepara seus mentores para ouvir e discutir as novas ideias que surgem, nada pode fazer para impedir que os talentos busquem novos locais para florescer.
E por fim, muitos programas falham por não serem adequadamente monitorados. As empresas investem altas somas no desenvolvimento de novas lideranças, mas não se preocupam em registrar as evidencias que quantificam o valor de seus investimentos. Qualquer avaliação do desenvolvimento dos programas de trainee começa e termina com o feedback dos envolvidos; o perigo aqui é que a empresa acaba criando um programa que é mais agradável do que desafiador para os participantes, e não gerencia as métricas que permitiriam descortinar os problemas. Por isso, metas devem ser definidas e monitoradas. Assim como em qualquer programa corporativo, uma vez concluída a avaliação, os líderes podem aprender com os sucessos e fracassos ao longo do tempo e fazer os ajustes necessários. Outra abordagem é monitorar o desenvolvimento dos participantes após cada etapa do treinamento. Quantos apresentaram projetos inovadores? Como foi o engajamento dos Mentores? Quantos deixaram a empresa? Em quais casos/setores/departamentos, houve aumento de produtividade?
Evidentemente existem outros fatores que contribuem para o fracasso de programas de Trainee, como falta de engajamento dos Mentores/Gestores, staff da empresa desinteressado, falhas de comunicação, falta de oportunidades, etc. Mas no conjunto todos eles apontam para o modelo de gestão da empresa, que em muitos casos precisa evoluir rapidamente para não condenar uma excelente iniciativa de desenvolvimento de talentos.
