Por que pessoas competentes emocionalmente têm mais sucesso?

Já é sabido que a Inteligência Emocional (QE) é uma habilidade crucial tanto para líderes quanto para funcionários. O que estudos recentes têm apontado, pra além disso, é que o QE pode superar o QI e a Experiência em relação à sua importância para o sucesso.

Recentemente, uma pesquisa do respeitado Centro de Liderança Criativa (CCL) nos EUA descobriu que as principais causas do desligamento de colaboradores envolvem alguma deficiência em competência emocional. A cada ano, a CCL atende mais de 20.000 pessoas e 2.000 organizações, incluindo 80 das 100 maiores empresas da revista Fortune. Eles dizem que as três principais razões para o fracasso são a dificuldade em lidar com a mudança, a incapacidade de trabalhar bem em equipe e as relações interpessoais ruins.

Também o Instituto Carnegie realizou uma pesquisa em que mostrou que 85% do nosso sucesso se deve a habilidades humanas, capacidade de comunicar, negociar e liderar. Apenas 15% se deve a habilidades técnicas. Em outras palavras, as habilidades altamente relacionadas à inteligência emocional são habilidades cruciais. O psicólogo israelense-americano ganhador do Prêmio Nobel Daniel Kahneman (se você não leu o livro Rápido e Devagar leia o quanto antes!) descobriu que as pessoas preferem fazer negócios com um vendedor de que gostem e em quem confiam em vez de alguém de quem não gostam, mesmo que este último ofereça um produto melhor a um preço menor.

Meio óbvio, não? Mas a questão é: o que esses vendedores “fizeram” de diferente? Porque você gostou e confiou neles?

Para testar suas descobertas, pense na última vez que você comprou uma casa, um automóvel ou um grande eletrodoméstico quando teve que lidar com um vendedor. A pessoa era alguém de quem você gostava e confiava? A resposta costuma ser sim. Em um estudo realizado em uma grande seguradora nacional em 1997, o Grupo de Pesquisa e Inovação Hay-McBer observou que os vendedores avaliados como fracos em competências emocionais – como autoconfiança, iniciativa e empatia – venderam apólices com um prêmio médio de US$54,000, enquanto os mais fortes nessas competências venderam apólices de, em média, US$114,000.

Grande parte da pesquisa que foi feita sobre inteligência emocional tem focado no nível de liderança executiva, e não por acaso. Quanto mais alto o cargo na organização, mais importantes são as habilidades de inteligência emocional, pois os impactos são maiores e sentidos em toda a empresa. Por exemplo, um estudo realizado por McClelland em 1999, mostrou que depois que os supervisores de uma fábrica receberam treinamento em competências emocionais como ouvir melhor seus funcionários, acidentes com perda de tempo diminuíram em 50% e queixas diminuíram de quinze por ano para três.

Os mesmos princípios se aplicam em todas as áreas da vida, seja no trabalho, no estudo ou nos relacionamentos. Todo mundo quer trabalhar com pessoas que são fáceis de entender, apoiar, que são agradáveis e confiáveis. Queremos estar ao lado de pessoas que não se aborrecem facilmente e que mantém a calma quando as coisas não funcionam de acordo com o planejado.

Principais Competências Emocionais:

Autoconsciência: a primeira coisa que é essencial para qualquer grau de inteligência emocional é a autoconsciência. As pessoas com um alto grau de autoconsciência têm uma compreensão sólida de suas próprias emoções, seus pontos fortes e fracos e o que os impulsiona, suas motivações. Essas pessoas reconhecem como seus sentimentos as afetam, às outras pessoas ao seu redor e a seu desempenho no trabalho. Elas têm uma boa compreensão de seus valores e objetivos e para onde estão indo na vida. O humor autodepreciativo, por exemplo, é um bom indicador de alguém que tem uma boa autoconsciência.

Autocontrole: todos nós temos emoções que nos impulsionam e não há nada que possamos fazer para evitá-las. Pessoas que se controlam, no entanto, são capazes de gerenciar suas emoções de modo que elas não dominem suas palavras e ações. Apesar de sentirem mau humor e impulsos negativos tanto quanto qualquer outra pessoa, elas não agem sobre eles. As pessoas que agem sobre seus sentimentos negativos criam confusão, rupturas e sentimentos ruins ao seu redor. Nós sentimos antes de pensarmos e as pessoas que constantemente reagem a um estado emocional frequentemente não esperam tempo suficiente para permitir que seus pensamentos se sobreponham às suas emoções.

Empatia: consiste em ter consciência dos sentimentos dos outros e em considerar esses sentimentos em suas palavras e ações. Isso não significa ficar passivo ou não estar disposto a tomar decisões difíceis por medo de ferir os sentimentos de alguém. Significa, simplesmente, estar ciente e levar em consideração seu impacto sobre os outros. É estar disposto a compartilhar suas próprias preocupações e reconhecer abertamente as emoções dos outros.

Habilidades sociais: é uma área da inteligência emocional especialmente importante no local de trabalho. Ter boas habilidades sociais requer um alto nível das outras habilidades acima, além da capacidade de se relacionar e encontrar um terreno comum com uma ampla gama de pessoas. Vai além da amizade e da capacidade de conviver com os outros, é a capacidade de fazer conexões, fazer contatos e reunir pessoas para trabalhar em projetos.

Por fim, embora a inteligência emocional pareça vir naturalmente para alguns, a plasticidade do nosso cérebro, ou seja, sua capacidade de modificar sua estrutura de funcionamento, nos permite aumentar nossa competência emocional se estivermos dispostos a trabalhar. Todas as competências discutidas acima são treináveis, e mesmo pequenas melhorias em algumas delas trarão ótimos resultados para a sua vida.

Fábio Seghese – Founder @ Humano Mais

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