Psicologia positiva, liderança e performance

A psicologia positiva veio derivada da psicologia tradicional mas com foco na potencialização de pontos fortes de cada um de nós. O foco em forças faz toda a diferença quando estamos tentando trazer significado e propósito a vida de pessoas saudáveis mas que demonstravam algum ponto de desequilíbrio, descontentamento ou até infelicidade em alguma área da vida.

A visão de proposito e objetivo útil para a própria vida resignifica o ser humano e esse senso de utilidade pode redireciona-lo para novas atividades, novos relacionamentos, novos hábitos.

É muito fácil de percebermos, em nós mesmos, a diferença que faz quando agimos por empolgação, movidos por paixões, projetos e programas em que acreditamos. Estudos muito atuais da psicologia positiva demonstram que o estudo de forças e virtudes próprias pode dotar o ser humano de poder de realização porque, quando acreditamos em nossas potencialidades, em nossas habilidades naturais, conseguimos perceber com clareza a possibilidade de sucesso naquela atividade.

A psicologia positiva pode e deve ser aplicada em liderança de equipes e, aqui, pretendemos dar uma amostrinha do quanto, pequenas mudanças, podem impactar seu grupo, sua empresa, sua família.

Vamos lá, primeiramente temos que fomentar uma mentalidade de crescimento. A mentalidade de crescimento, estudada pela professora Carol Dweck, tem relação ao uso de forças, mas, mais do que isso, ao poder de tentar, de não se conformar com as derrotas e não desistir no momento de falhas.  As pessoas com “mindset” de crescimento, como diz ela, não aceitam rótulos e entendem a falha como aprendizado. Aquele que acha que tem gente que nasceu para isso ou para aquilo e que não conseguirá, por mais que tente, desenvolver-se em outras áreas, é considerado, por ela, com “mindset” fixo. A boa notícia é que uma pessoa com “mindset” fixo pode se transformar em uma pessoa com “mindset” de desenvolvimento com treinamento específico.

Um estudo recente da Gallup descobriu que aquilo que os funcionários mais buscam em seus empregadores, depois de um senso de propósito comum e compartilhado, são treinamentos contínuos e conversas informais sobre desempenho, em vez de revisões pouco frequentes e formais. Eles também estão procurando oportunidades para crescer. Estas são preferências que se alinham claramente com o conceito de “mentalidade de crescimento” pioneira da professora Carol Dweck.

Diz Dweck, “Aqueles que acreditam que podem melhorar com esforço são mais motivados a persistir porque acreditam que podem ter sucesso. Eles estão mais dispostos a tentar coisas novas, porque se falharem, podem simplesmente ajustar o curso e tentar novamente”.

Outro importante fator de estimulação é a fixação de propósitos, quer seja individual ou organizacional, mas, ambos, devem estar alinhados.

Quando falamos tanto de empresas como de pessoas, no fundo estamos lidando com seres humanos e a motivação é o principal impulsionador humano, não é? Já estamos acostumados ao fato de que as empresas devem delimitar sua missão, seus valores, objetivos e metas com clareza para que os colaboradores se encontrem neles. Mas as corporações não estão habituadas a falar sobre esse tema de forma constante e fixar na mente de todos os propósitos institucionais.

Bons lideres motivam seus funcionários fazendo com que eles entendam que fazem parte da missão da empresa. Fred Kofman, vice presidente de liderança executiva do Linkedin, nos lembra da história sobre a visita do Presidente Kennedy em 1961 a uma planta da Nasa e, ao passar por um funcionário da limpeza, perguntou a ele qual era o trabalho dele na empresa e o senhor humilde respondeu: ajudar a levar o homem à lua.  É isso que todo funcionário tem que sentir, a certeza de que é fundamental e parte do sucesso da empresa, que sua boa atuação faz diferença, tem um propósito.

Infelizmente, nessa questão, a maioria das organizações não está indo muito bem: nos EUA, uma pesquisa recente da Gallup descobriu que apenas 20% dos funcionários achavam que eram gerenciados de maneira motivadora.

E, por fim, o foco nos relacionamentos. Relacionamento é fonte de problema na família, no casamento, na vida social e no trabalho. A importância de se cultivar bons relacionamentos vai muito além do bem estar. Temos que treinar exercícios, técnicas e formulas de dar a devida importância para cada um dos sentimentos provocados por pessoas com as quais nos relacionamos.

A psicologia positiva e seu grande pensador, Martin Seligman, declaram, por experiência e exaustivas pesquisas científicas, que não existem relacionamentos neutros, ou são positivos ou negativos. Ou o relacionamento te impulsiona, te melhora, te potencializa, ou ele te puxa para o fundo do poço, te humilhe e destrói sua autoestima. O importante é descobrir formas de não ser atingido por relacionamentos negativos dos quais não temos como fugir, que é o exemplo de relacionamento ruim no trabalho. Na maioria das vezes não escolhemos com quem atuamos, então, técnicas da psicologia positiva podem auxiliar-nos e tornar aquele contato o menos danoso possível.

A liderança nas empresas pode ser um fator de estimulo e impulsionamento ou pode ser um grande balde de agua fria. Um dos fatores mais desmotivadores para a maioria dos funcionários, segundo a Gallup, são conversas pouco frequentes com seus líderes. Isso faz sentido, porque se a única vez que um funcionário ouve os líderes é durante uma avaliação de desempenho isso leva à sensação de que seu trabalho não é valioso, mesmo quando a conversa é “positiva”. Os funcionários estão procurando mais do que um tapinha nas costas, ou o “continue assim…”.

Estudos mostram que os sentimentos de um funcionário sobre seu trabalho, o famoso “engajamento”, têm um impacto direto em seu desempenho. Organizações no quartil superior para o engajamento dos funcionários foram 21% mais produtivas e 22% mais lucrativas, enquanto também desfrutaram de menor rotatividade, absenteísmo e menos problemas com qualidade, de acordo com outro estudo recente da Gallup.

Estes princípios da psicologia positiva – investir no crescimento do seu pessoal, alinha-los ao seu propósito e concentrar-se nas relações e não nas críticas – estão transformando a interação dos líderes das melhores culturas com o seu pessoal. Eles não estão apenas ajudando a impulsionar resultados, mas ao mesmo tempo criando locais de trabalho mais felizes e produtivos.

Referências:
Sobre a pesquisa GALLUP BRASIL
Livro Mindset, a nova Psicologia do Sucesso, de Carol Dweck
Liderança & Propósito Fred Kofman, ed. HarperCollins Brasil. 2018.
Seja mais feliz. Tal Ben Shahar. Editora Academia 2016.

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